terça-feira, 23 de abril de 2013

A Hora do Coffee

Esse ficou bem polêmico. E agora tenho certeza que é uma crônica, pois li um troço no wikipedia.
 
 
 
  A faculdade era incrível demais não apenas pela qualidade de  ensino, no teor de suas pesquisas, pelas oportunidades oferecidas ou pelo reconhecimento no mercado de trabalho, mas sim pela abundância de palestras recheadas de lanchinhos gulosos em seus coffees breaks. Os graduandos celebravam a fartura de coxinhas, pães-de-queijo, sucos e refrigerantes com tremenda satisfação enquanto invadiam a mesa de quitutes como homens paleolíticos sobre a caça abatida. Independente do assunto da palestra, tediosa ou não, o coffee era o momento mais aguardado. Quando o carrinho com os lanchinhos entrava no auditório para descarregar os salgados suculentos, o palestrante faria bem em pausar sua fala por alguns momentos, pois todos desviariam seus olhos ansiosos para os sucos balançando nas jarras transparentes até que funcionário se retirasse.
 
   Da mesma maneira procedida antes de se ir para um restaurante com rodízio, muitos espertos deixavam de lado o café-da-manhã ou cancelavam o almoço somente para amplificar a capacidade de se empanturrar com as friturinhas e assadinhos. Naquele campus, as palestras com coffee já eram rotina e costume agendado. Havia até alguns funcionários especializados em servir coffees. Em outras faculdades, o coffee break era uma surpresa magnífica merecedora de foto e de, pelo menos, 50 likes no Facebook.
 
  Nunca chegou a acontecer, mas fico imaginando a revolução que poderia ocorrer nessa faculdade particular de humanas caso o coffee não fosse mais servido. Talvez indivíduos berrariam: "Tô pagando três pau e não tem coffee!?", outros diriam: "Na empresa do meu pai tem coffee! Aqui também devia ter!". Os mais alternativos contestariam: "Respeite a função social do coffee!"
 
  Existe sim uma função social e política no coffee break. Originou-se por adicionar "aperitivos e petiscos" aos intervalos de reuniões entre executivos. Seria um dispositivo de quebra de silêncio e circulação de fofocas. Inclusive, já ouvi falar que quando se deseja fechar um negócio, é melhor que os negociadores estejam de barriga cheia. Certamente existem vários aspectos psicológicos envolvidos ocultamente para beneficiar algum interesse. No caso daquela faculdade, os graduandos, mesmo que não percebessem, tinham um curso secreto chamado: "Comportamento e Etiqueta: Coffee Breaks". Fiquei sabendo de um infeliz que pegou DP nessa matéria e atrasou em três anos a sua inserção no mercado de trabalho. Se não me engano, devo ter escutado isso de um professor russo muito engraçado.
 
  Teve uma vez que muitos embalaram-se no sono habilmente transferido pelas palavras cansadas dos palestrantes. Um sábio café preto despertaria os ouvintes e dissolveria o sono e o problema, entretanto uma frustração recorrente desapontou todo mundo: naquela instituição, normalmente, não havia café no coffee e esse caso não era exceção.

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